quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Farewell, my dear.

O inevitável aconteceu, eu só sei falar do pequeno. Eu bem que tentei, mas tudo que eu tenho postado nesse meu espaço diz respeito a ele. A verdade é que tenho pensado muito nisso, no propósito de continuar escrevendo aqui, e cheguei a conclusão que não há. Eu continuo apaixonada por tudo que diz respeito à decoração, mas hoje o que me move é a maternidade. Escrever é a minha terapia, e é sobre ser mãe que eu ando querendo divagar. Até pensei em continuar por aqui mesmo, mas sei lá. Não foi esse o propósito inicial desse meu espaço. Me pareceu mais digno criar um novo espaço, totalmente focado nas desventuras da maternidade.
Aqui jaz um blog. E aqui nasce outro.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

It's my party, and I'll cry if I want to.

22.10.1984, nascia uma pequena. Hoje essa não mais tão pequena carrega seu próprio pequeno nos braços e comemora sua 31ª primavera. O meu aniversário sempre foi uma data muito importante para mim, digna de muita comemoração. Provavelmente porque minha mãe sempre teve o hábito de nos preparar lindas festinhas. Bem caseiras e bem lindas. Uma das minhas mais doces memórias da infância somos nós, eu, minhas irmãs e minha mãe, reunidas na cozinha, na véspera das nossas festas, numa verdadeira produção fordista de docinhos. Minha mãe fazia a massa, uma de nós enrolava, a outra passava no granulado/açúcar e a outra colocava nas forminhas. Lógico que alguns docinhos se perdiam pelo caminho, e nós íamos dormir felizes com a barriguinha cheia de glicose surrupiada ansiando pela festa que nos aguardava no dia seguinte. Eu sempre adorei toda aquela agitação, não só do dia da festa, mas de toda a preparação que a antecedia. Talvez por esse motivo eu tenha tanta dificuldade em me render ao atual esquema de festa infantil em buffet.
A primeira festa do meu pequeno eu comecei a preparar faz algum tempo. Não lembro como nem porque, mas um dia eu decidi que o tema seria circo. Logo que decidi me joguei no ebay atrás da decoração. Na época o dólar não estava absurdo que está hoje e acabei conseguindo comprar várias coisas legais. Balões temáticos, suporte para lembrancinhas, lanternas decorativas. O resto, alguma coisa eu comprei por aqui, outras eu reaproveitei do chá de bebê, e ainda teve as que eu mesma inventei e montei. Tudo bem caseiro, do jeitinho que era feito pela minha mãe para mim. Aliás, com direito a sentar com ela e preparar os docinhos nas noites anteriores, como manda o script.
Esse convite foi amor à primeira vista (comprei aqui).

Mês a mês que eu eu mesma fiz. Logo que terminei de montar, coloquei a '1' e a '12' lado a lado e mal pude acreditar que se tratava do mesmo bebê!..

Decoração do canto das lembrancinhas. O tecido eu comprei numa loja em Blumenau e o quadro negro personalizado nesse site.

Mesa das lembrancinhas. Suporte de tenda comprado aqui.

Lembrancinhas: monóculos (comprados aqui) e pãezinhos de mel (encomendados de última hora aqui em Resende mesmo porque os monóculos quase não chegaram a tempo). As etiquetas coladas nos pães de mel eu encomendei no mesmo site que fez o quadro negro, e o cartão de agradecimento no porta retrato com a mesma vendedora dos convites.

Na entrada da casa, tecido imitando tenda e balões do Ebay. Não dá para ver as mesas dos convidados e eu acabei esquecendo de tirar foto, mas cada uma foi coberta por um tnt azul turquesa, e no centro uma caixa de pipoca (comprada aqui), com pompom branco de papel seda (inspirado nessa foto).

Graças a São Pedro não choveu e conseguimos colocar a mesa do bolo/doces no deck. Balões de foca, elefantinho e estrela da Fisher Price (mesmo vendedor acima), e as laternas que enfeitavam a entrada da varanda (reparou nelas? Adivinha, esqueci de tirar uma foto com destaque para elas..) também do Ebay.
Como eu prefiro um decór mais clean na mesa de doces, optei por colocar os docinhos apenas em suportes (reaproveitados do chá de bebê e comprados num loja da 25 de março que eu nunca mais vou lembrar qual foi), servindo os demais docinhos nas mesas dos convidados. As forminhas imitando roupinha de palhaço eu comprei aqui.

Bolo delicioso que quase acabou em 2 minutos feito caprichosamente pela minha mãe. Bandeirinhas com nome compradas aqui.
Confesso que o que eu mais gostei de toda a festa foi esse fundo verde. Reformamos o jardim especialmente para a ocasião, e fazer a festa na área externa com todas aquelas plantas deu uma charme todo especial.
  
Nunca vi um pequeno curtir tanto a sua própria festa de 1 ano. Ele não dormiu nenhum segundo, brincou horrores e fez a maior farra no parabéns...

...com direito a jogar os braços para o ar e pedir bis quando os aplausos terminaram!

E já que a festa era de criança, nada mais justo que um cantinho só para elas. A sala de TV virou um verdadeiro playground. Confesso que logo que terminei de arrumar ela, vi todo esse colorido e tive uma vontade tremenda de deixar ela todo dia assim...
22.10.2014, uma recém-mãe se via confusa, cansada e, pela primeira vez, sem forças para comemorar. Inevitável não pensar nesse mesmo dia há um ano atrás. Foi um dos aniversários mais difíceis que eu já tive. O pequeno tinha apenas 15 dias, eu estava no auge da exaustão característica do primeiro mês, chorando a torto e a direito. O começo da maternidade pode ser muito solitário. Principalmente se ninguém te avisa que o turbilhão de coisas que você vai sentir é completamente normal. Eu passei muito tempo amargurando tudo que eu vivi com a chegada do pequeno. Passei muito tempo pensando que eu não havia nascido para ser mãe. Até que eu descobri que essa bipolaridade materna entre a antiga eu cheia de liberdade e individualidade e a nova eu que mal é chamada pelo nome mas a quem todos se referem como 'a mãe do fulano', é quase tão comum quanto motoboy no trânsito de São Paulo. Antes dessa descoberta, eu olhava para o meu período de puérperio com pesar e até um pouco de vergonha. Vergonha das coisas negativas que eu senti. De não ter me sentido inundada por um amor incondicional desde o primeiro momento e de ter chegado a pensar que talvez aquela não tenha sido a escolha certa. Hoje eu sei que cada um daqueles sentimentos fez parte da transformação pela qual eu passei. Faz parte da mãe que eu me tornei. O meu aniversário do ano passado foi tão tumultuado em razão da nossa adaptação ao pequeno, que até o respectivo esqueceu da data. Foi se lembrar quando eu atendi o telefonema de uma amiga do lado dele. Passou o resto do dia tentando compensar. E eu passei o dia inteiro chorosa, tentando assimilar uma realidade que havia caído sobre mim como uma rocha. Hoje, lembrando daquele dia, eu não sinto mais o estômago se contocer como eu costumava sentir. 
22.10.2015, aquela que um dia foi pequena e acabou se encontrando como mãe anseia empolgada pelas comemorações já planejadas do seu aniversário. Hoje, quando acordei, tudo que havia em mim era o mais puro sentimento de felicidade. Realização plena. E, se alguma lágrima escorrer hoje, e provavelmente irá porque a maternidade me transformou numa manteiga derretida, será da mais intensa alegria que eu já senti na vida.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

I´ll be back. Will I?

Voltei sem vontade de voltar. O que não é novidade, sempre me bate um desânimo quando volto de longas estadas junto aos meus. Além da melancolia usual, encontrei a casa parecendo cenário de filme apocalíptico. Benditas obras que nunca acabam no prazo previsto. Em uma semana a casa precisava estar pronta, limpa e arrumada para a comemoração do primeiro ano do pequeno. Uma semana de puro caos. No fim tudo deu certo, mas acabei ficando tão envolvida com a festa que esqueci de tirar fotos dos detalhes. Estou tentando coletar fotos dos que lá estiveram para ter o que postar. Ontem o pequeno completou oficialmente seu primeiro ano de vida. Passei o dia todo chorosa, relembrando cada momento do parto. Lembrando a mim mesma que eu não tinha ideia do que viria nos 365 dias que se seguiram. Rindo de mim mesma por cada teoria e leitura que eu tão ferozmente me apeguei, e tão relutantemente tive que me desapegar. Não há manuais, não há regras, nem bulas. Há apenas vivência, instinto, entrega. E, no fim de tudo, há amor. Muito amor. Um infinito inteiro de amor. Adoro essa fase serelepe em que ele se encontra. Mas adoraria poder reviver cada momento desse primeiro ano. Até os momentos de desespero. Não me canso de pensar em como teria sido diferente se eu soubesse tudo que eu sei hoje. Se eu tivesse dado ouvidos à tão famosa e tão batida frase: vai passar. Passou. Num piscar de olhos. Penso naquele frio e cinzento dia 05 de outubro de 2014. Eu não fazia a menor ideia da maratona que eu estava começando e do tanto que eu iria mudar. E não fazia a menor ideia do tamanho do amor que havia acabado de nascer. Penso no que está por vir. Não faço a menor ideia. Um vocabulário inteiro a aprender, um mundo todo de novidades e curiosidades a desbravar. Desfralde, largar a chupeta, a mamadeira, o berço. Birras, broncas, choros. Choros e mais choros. Será que algum dia acaba essa fase dos choros? E, no fim de tudo, mais amor. Será que é possível haver ainda mais amor? Hoje cedo ele acordou e não queria sair do meu colo. Ficou dengoso, a cabeça encostada no meu ombro, brancinhos envolvendo meu pescoço, os dedos enrolando carinhosamente meu cabelo. Houve uma época em que eu me sentia perdida. Não sabia o que eu havia nascido para fazer nessa vida. Qual meu dom, vocação, profissão. Parte de mim ainda não sabe. A parte que precisa trabalhar para ajudar a pagar as contas de casa. Já a outra parte de mim não tem a menor dúvida: eu nasci para ser mãe. Nasci para amar, proteger, cuidar, ensinar, brincar, acalentar. Só que a minha parte anterior não só segue perdida, como anda mais perdida do que nunca. Sem vontade para nada. Nem para esse meu pequeno espaço. Voltei sem vontade de voltar. Acho que na verdade ainda nem voltei. Vou voltando aos poucos. Isso se eu descobrir para onde diabos eu devo voltar...