quarta-feira, 25 de junho de 2014

Just know you're not alone, 'cause I'm gonna make this place your home.

Dizem por aí que o Brasil pára em época de Copa do Mundo. Ainda mais quando a copa é no próprio Brasil. São 31 dias em que se respira jogos de futebol. As coisas andam paradas por aqui também, mas, acredite em mim, não tem nada a ver com seleções do mundo inteiro disputando gols e pontos numa tabela. Na verdade, as coisas andam exatamente o oposto de paradas. As coisas andam tão aceleradas que o pouco tempo que eu tinha para passar aqui simplesmente sumiu.
Nas últimas duas semanas que se passaram, consegui me presentear com o que eu nomeei de um pequeno oásis: emendei dias de jogo - e consequente falta de expediente no trabalho -, mais feriado, mais finais de semana, e o resultado foram 10 lindos dias de folga em casa. Ou o que era para ser folga. Mas acabou se tornando uma verdadeira maratona. Daquelas boas maratonas, que a gente acaba cansado, suado, mas feliz da vida com o resultado. E o resultado da minha maratona de 10 dias: uma casa nova. Estávamos pensando nisso há algum tempo já, havíamos até sondado o proprietário da casa que alugamos para saber se ele não tinha interesse em vendê-la. Ele não tinha, arquivamos o assunto. Mas, nas últimas semanas, várias coisas aconteceram nos mostrando que era o momento certo de finalmente comprar um lugar todo nosso na pequena Resende. Depois de uma intensa procura, acabamos encontrando a nossa casinha, ou, como gostamos de chamar, nosso recanto.
Nas primeiras vezes que o respectivo conversou comigo sobre aceitar a proposta de emprego em Resende, e sairmos de São Paulo, a ideia que ele me vendeu foi a de morar em Penedo, um pequenino 'vilarejo' charmoso ao pé da serra com sotaque finlandês. Não foi por falta de tentativa. Passamos quase 2 meses procurando casas para alugar, sem sorte. Era alta temporada, e todos os imóveis estavam alugados e disponíveis apenas para muito depois do que precisávamos. Acabamos encontrando em Resende um lugar temporário. E, agora, voltamos ao plano inicial. Achamos uma casa com jeito de chácara, com um deck de madeira sobre o jardim, árvores frutíferas, horta, e vista para a flora local. Cheia de espaço para os peludos correrem, para estender uma toalha e fazer um piquenique num domingo ensolarado, para plantar árvores cheias de galhos baixos onde o Arthur possa brincar e colecionar seus primeiros roxos e ralados. Com o tão sonhado espaço de churrasqueira que o respectivo sempre quis, e um espacinho delicioso para o meu futuro atelier.
Terminada a maratona de busca e negociação, deu-se início a outra maratona: documentação, pagamento e entrega da chave. Ainda tem pelo menos um bom mês pela frente até que possamos entrar na casa com as nossas coisas. Mas a cabeça já tá fervilhando de ideias e planos. Ainda não consegui nem tirar fotos decentes da casa para apresentá-la ao mundo. Ela está entulhada com as coisas dos antigos proprietários. Algumas pequenas reformas precisarão serem feitas para deixarmos ela com a nossa cara. E entre os planos para a casa nova, a organização do chá de bebê do pequeno, e as idas e vindas entre Resende-São Paulo, vai ser ainda mais difícil manter minha rotina de dedicação ao blog. Mas o motivo é justo, e vai valer a pena. Quando eu conseguir passar por aqui, terei um milhão de coisas para compartilhar.
Por ora, só me resta dizer que começo a perceber que não foi por acaso que fomos parar num lugar onde nunca pensamos morar. Aos poucos, tudo está se encaixando. Até mesmo minha vontade de mudar de carreira agora faz mais sentido e está mais palpável. E, no fim das contas, se tudo for por acaso, e nada do que eu imaginava der certo, ao menos eu terei uma banheira digna com uma vista linda para afogar minhas mágoas..

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Walk down the staircase, magnetic pull.

Tá difícil de manter a regularidade por aqui. Eu até tento, mas o cansaço de ter voltado a trabalhar plus o tempo que levo de deslocamento, é simplesmente mais forte do que a minha determinação. Esses dias levei três horas para chegar do meu trabalho até em casa. T-R-Ê-S H-O-R-A-S. Eu teria ido até Resende nesse mesmo espaço de tempo. Não há palavras que descrevam o que eu senti presa naquele ônibus enfrentando o trânsito caótico da cidade que nunca pára. Ou da cidade que está sempre parada. Respiro fundo e digo para mim mesma: só mais três meses, só mais três meses..
O lado bom do meu caos particular, é que sobra tempo para fuçar. Nessas longas viagens diárias, acabo sugando o que posso de imagens e guardando cada vez mais ideias para aplicar em casa. Dia desses topei com uma foto que eu havia visto há muito tempo, provavelmente uma das primeiras que eu salvei com o intuito de fazer em casa quando tivesse o espaço mais apropriado para ela - o qual ainda não surgiu. Uma escada simples de madeira, pintada num tom candy de azul, servindo de cabideiro/varal numa lavanderia.
Foi a primeira vez que vi uma escada sendo usada dessa maneira. Nunca havia passado pela minha cabeça que uma mísera escada poderia ser usada com um fim diferente do que descer/subir degraus. Pensando bem, já havia passado sim, eu que não lembrava.. Quando eu era criança e nós morávamos em Criciúma - sul de SC -, minha família tinha uma casa de praia que enchia nos feriados e finais de ano. Acho até que já mencionei ela por aqui. Nessas nossas temporadas na praia, nosso passatempo preferido era brincar de taco. Todas as crianças da vizinhança se reuniam para jogar. Eu gostava tanto que devo lembrar das regras do jogo até hoje. Mas, nas demais horas vagas, minhas irmãs sempre inventavam algo novo. Lembro do dia que descobrimos um terreno baldio, com uma construçãozinha num canto que acabou servindo para brincadeiras de casinha, com direito a cozinhar comida de verdade. E do dia que transformamos os beliches de um dos quartos num berçário, reunimos todas as bonecas da criançada e fingimos que era uma maternidade. E teve uma vez, que pegamos a escada do beliche, enfeitamos a lateral dela com papel colorido, pegamos um rádio a pilha, colocamos uma fita da Xuxa para tocar, e saímos pela rua fingindo que estávamos num trenzinho da alegria. Várias crianças da rua vieram brincar, cada uma entrava num buraco diferente da escada, segurava a lateral para ajudar a carregar e saía andando por aí. Tinha isso gravado numa VHS do meu pai por aí, não sei onde foi parar. Mas era hilário de ver nossa felicidade com uma coisa tão boba.
Ah se nós apenas soubéssemos o quanto nós éramos criativas. Ainda somos. Mas acho que, naquela época, o nível de "inventatividade" era muito além. A capacidade de olhar para uma coisa e conseguir enxergar nela possibilidades infinitas deve ser uma coisa que toda criança tem, mas que acaba se perdendo com o tempo. Felizes daqueles que nunca perdem, são esses os que nos surpreendem criando coisas lindas a partir das mais simples ideias..


































Há um provérbio chinês que diz: "O grande homem é aquele que não perdeu a candura de sua infância". Eu diria que grande mesmo é o homem que não perdeu a imaginação criativa da sua infância. Talvez, se nós conseguíssemos nos manter mais fiéis às crianças que fomos do que ao adulto que nos tornamos, as coisas seriam melhores. Se não melhores, ao menos mais divertidas.