Reuse & Recycle.

Acho que já mencionei por aqui que eu sou a caçula de três filhas mulheres. Se você, assim como eu, é o(a) último(a) de uma linhagem composta por vários(as) filhos(as) do mesmo sexo, sabe bem o que isso significa: reciclagem. Tão certo quanto o o dia sempre se tornará noite, o/a caçula sempre herdará parte daquilo que passou pelos(as) seus(as) irmãos(as) mais velhos(as). Não que eu esteja reclamando. Longe de mim. Adorava tudo que minhas irmãs tinham, mal podia esperar que elas enjoassem e passassem para mim (às vezes não esperava mesmo e pegava "emprestado", o que quase sempre acabava em discussões homéricas... oh, well). Era assim que funcionava. O que era comprado para elas, era aproveitado por mim sempre que possível. Mas, de todas as coisas que eu herdei, a que eu guardo com mais carinho na memória foi um conjunto de mobília para quarto. Poucos anos antes de eu nascer, minha mãe comprou um conjunto de móveis para quarto para as minhas irmãs. Em estilo colonial, feito de madeira na cor branca (após muita insistência da minha mãe, a loja só fazia em madeira escura), esse conjunto era composto por cama, criado-mudo, penteadeira, banqueta, guarda roupas, mesinha redonda e cômoda, tudo em dobro (menos a cômoda), e formavam o quarto que era ocupado pelas minhas irmãs. Depois que eu nasci, foi encomendado um bercinho no mesmo estilo para combinar.

Esses móveis são praticamente uma relíquia para nós. Sobreviventes de inúmeras mudanças, companheiros fiéis de uma vida inteira. Aliás, uma não, três. Firmes e formes, eles resistiram a 3 décadas. Não se faz mais móveis como eles. Hoje quase tudo é feito de material pouco durável, quase descartável. Basta desmontar uma vez e já era. Mas não o nosso quarto querido. Só que, em 2011, eles passaram por uma prova de fogo. Em setembro daquele ano, logo antes de eu e o respectivo juntarmos nossas escovas de dentes em São Paulo, as cidades do Vale do Itajaí foram atingidas por uma enchente que devastou inúmeras casas e famílias. Cidades inteiras ficaram de baixo d'água, incluindo a cidade onde minha mãe mora. Na época, ela morava num apartamento térreo, que foi completamente tomado pela água. Felizmente o apartamento era alugado, e nós conseguimos rapidamente um outro apartamento fora da área atingida para realocá-la. Deu para recuperar bastante coisa. Daqueles nossos móveis, só não conseguimos recuperar os guarda roupas. Como eles ficaram muitos dias debaixo d'água, a medida que foi baixando, as coisas que estavam dentro dos armários pesaram demais e entortaram toda a estrutura. Não teve como recuperar.

Os demais móveis acabaram ocupando um quarto vago no novo apartamento da minha mãe, e lá ficaram esperando serem recuperados. Tempos depois, quando eu já estava com essas ideias de mudança de carreira na cabeça, eu vi umas fotos com uma ideia muito boa: reforma de móveis com aplicação de papel de parede.

Depois de tudo que o nosso conjunto de quarto passou, ele merece um cuidado especial. E essa ideia vem bem a calhar. Combina direitinho com o estilo dos móveis. Não tenho muitas fotos deles para mostrar como eles são. Mas acho que dá para ter uma ideia com essas fotos...

Fotinho antiga, da minha época de adolescente. Dá para ver um pouco dos móveis.

Foto do dia em que conseguimos entrar no apartamento para tirar as coisas.

O armário que não sobreviveu.

Nossa preta cuidando do que já tinha sido limpo e colocado para secar. No fundo dá para ver as gavetas e a estrutura da cômoda do conjunto.

Desde a minha mudança para São Paulo, ainda não consegui voltar com tempo para a casa da minha mãe fazer essa reforma. É uma coisa para ser feita com calma, com carinho. Além do que, esses móveis também pertencem às minhas irmãs, e eu queria poder sentar com elas para decidirmos juntas exatamente o que faremos com eles. De qualquer forma, é uma ideia para ser pensada. Enquanto isso, decidi testar aqui em casa para ir aperfeiçoando a técnica. E eu já tinha até uma cobaia perfeita: um armário 'casas bahia' style que fica no nosso quarto de hóspedes.

Antes.

Depois.

Não foi uma senhora reforma, mas até que ficou charmosinho. Na verdade, foi mais um teste do que uma reforma em si. Fiquei pensando se eu deveria estender e aplicar nas gavetinhas. Por enquanto resolvi deixar assim. Acabei me empolgando e aplicando também nas caixas de feira que colocamos em cima do armário para guardar algumas coisas extras, e na bandejinha que fica num outro móvel na entrada do quarto.

 

Just a start. Se decidirmos mesmo recuperar o nosso quartinho usando essa ideia, vai ser bem mais profissional que isso, lógico. Mas valeu a tentativa. Na pior das hipóteses, se acabarmos nem fazendo nada disso no dito conjunto, ao menos nossos hóspedes ganharam um cantinho mais colorido e simpático para ficar quando vierem nos visitar.